
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Em tempos..

sábado, 27 de novembro de 2010
Controlo - Sexta-feira, 10 de Abril de 2009
Está tudo controlado, julgo eu. Vai correr tudo como planeei. Se seguir os passos todos e cumprir os horários rigorosamente nada poderá falhar.
Acção após acção, pé ante pé, assim vou conduzindo a minha vida, o meu dia-a-dia, as minhas expectativas. Assim vou desenhando o meu futuro, juntando pedaços do presente que resultaram de atingir objectivos traçados no passado mais recente que foi ontem. A minha vida pode desenrolar-se como um novelo de fio, erguer-se como um castelo de cartas, é uma linha sequencial sem fim em que cada ponto é importante.
Está tudo controlado, agora faço isto, que me permite fazer aquilo, e depois outra acção programada se seguirá, e só pode acontecer como eu programei, não estou preparada para que corra de outra forma, são estas as minhas expectativas.
Controlo. Eu controlo o tempo, as horas, os minutos, eu controlo os tiques e os taques do relógio, eu controlo as chaves que uso, as portas que abro, os caminhos que percorro, as pessoas com quem me cruzo, eu controlo as cores que uso, os degraus que subo, os quilómetros que conduzo, eu controlo as palavras que vou usar, as palavras que quero ouvir, eu controlo e eu controlo-me.
Um dia uma das muitas chaves ficou esquecida sobre algo, as portas não se abriram, os caminhos não se cruzaram, não foram estabelecidas conversas, não foram ditas palavras, não foram ouvidas respostas, não foram cumpridas acções. O novelo de fio ficou cortado, um nó foi dado no sítio errado, o castelo de cartas perdeu uma carta da base e desabou... Perdi o fio condutor que me condiciona, baralhei as cartas todas de forma aleatória, fiz uma sopa de palavras sem nexo, subi as escadas erradas e bati nas portas fechadas. Não vi quem queria ver... não sou quem queria ser.
Perdi o controlo. Misturei as cores.
Estou controlada - estou presa - perdi o controlo - não sei lidar com a liberdade.
Ah! Por isso é que sou tão chata! (27 de Novembro de 2010)
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
sábado, 20 de novembro de 2010
Isto acaba aqui.
Respirei fundo. Sequei o rosto. Foquei o olhar na estrada escura e ergui a cabeça.
Renascerei como as estações ano após ano.
Aprendi uma lição: por vezes dar tudo é demasiado pesado para os outros. Por vezes, damos aos outros aquilo que deveríamos dar a nós próprios. Esquecemo-nos de nós, e um dia estamos sem nada.
Acabaram-se as expectativas, acabou-se também o insucesso.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
E amanhã?
Estava mesmo à minha frente com aquele olhar trespassante e gélido. "Vou-to levar, odeio-o, odeio a forma como é fácil, odeio os beijos dele, odeio-o mas vou-to levar para longe" - disse-me.
O meu corpo estava tenso, tinha os punhos cerrados mas a tremer, o coração queria gritar, não é possivel! "E para te provar isso vamos ter uma experiência física e vais perde-lo".
Corrí. Peguei no telemóvel. "Por favor - disse a tremer- diz-me que isto é um pesadelo, que estão a gozar comigo."
Do outro lado uma voz resignada respondeu-me "É o destino! Não há nada a fazer". O meu sangue nesse momento transformou-se em raiva, era raiva que me corria pelas veias, artérias e capilares, era raiva que filtrava o oxigénio, a minha pele era da cor da raiva. "NÃO! - gritei - o destino somos nós que o fazemos com as nossas decisões, com as nossas acções, somos donos das nossas vidas, não deixes que ninguém te faça acreditar no contrário!"
À minha volta pessoas diambulavam na rua, eu andava aos zigue-zagues chocando contra uma, ora contra outra. Ela estava no carro à espera. "Isto é um pesadelo, um pesadelo, acorda, acorda! - dizia para mim. O telemóvel caiu no chão, deixei de lhe ouvir a voz do outro lado.
Abri os olhos e estava na minha cama, o coração batia agitado, olhei à volta para me situar na realidade. Tinha sido apenas um sonho mau.
Por agora um sonho. E amanhã?
terça-feira, 9 de novembro de 2010
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Vazio

Nada dói tanto como um espaço vazio.
Um espaço com significado, um espaço que estava habitado por algo significativo e que de repente passou a ser apenas um espaço,sem nada. Era um espaço bom, quente, acolhedor, dedicado a algo importante, era um espaço bonito em construção.
Agora é apenas um espaço vazio, ainda assim um espaço para o qual olho e tento preencher com algo novo mas que não encontro. Resigno-me, perdi o que lá continha. Mas o espaço fica para sempre, para me lembrar de que perdi algo.
Odeio espaços vazios. Odeio perder o que lá tinha. Odeio a lembrança do que se foi.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Um coração de Pedaços
O meu coração é feito de pedaços.
Pedaços ligados uns aos outros,
Pedaços envoltos em espaços dos pedaços que se perderam.
Como uma renda
O meu coração ostenta marcas de amores,
E desamores que se ficaram nas folhas das árvores
E que se foram com o tempo
Como as folhas se vão com as Estações.
Pedaços meus que vagueiam por aí.
Saudades tenho
Desses pedaços filhos meus
Que um dia ofereci em troca de nada
Apenas por altruísmo e paixão.
O meu coração rendilhado
Cujos pedaços jamais recuperarei,
Ainda tem muitos outros pedaços
Que não têm medo de receber
O que ainda estiver por vir,
Pedaços que meus serão
Se alguém assim quiser.
Pedaços que coserei com linha de união
Aos meus pedaços.
E um coração menos rendilhado
E por causa disso não menos belo
Se tornará num coração inteiro
E de novo preenchido.
28 de Setembro de 2008
Caldas da Rainha