"Esta noite saí de casa à procura do amor. Não levava mais do que a roupa do corpo e a solidão às costas. O meu rosto era de pesar, sempre ouvi falar no Amor e nunca o conheci. Imaginava-o imenso, uma força universal capaz de mudar até os mais incrédulos. Mas a única coisa que sentia era um vazio no espírito, e uma curiosidade magnética por esse tão enaltecido sentimento. Vagueei pelas ruas frias, abracei a escuridão, penetrei cada pedaço seu, perguntei às estrelas os seus tantos nomes, tantos e tão tristes. Não há limite de palavras para imputar à escuridão.
Não tendo encontrado aquilo que queria, entreguei-me ao primeiro estranho que me deu a mão. Não passava de um estranho, talvez em busca do mesmo que eu, mas foi uma pessoa ao acaso e não alguém escolhido a dedo, alguém como outro alguém qualquer, tão qualquer quanto eu mesma. Em troca de nada e em troca do amor, despi-me de preconceitos, de medos e de anseios, e deitei-me na cama do prazer e da loucura, abracei a paz e deixei-me levar pelo desconhecido, envolvi-me num transe frenético de suor, calor e odores exóticos não identificáveis. Eu senti uma força, e depois outra e outra que me fez ver luzes de todas as cores, senti o mais humano dos sentimentos e o mais difícil de expressar por palavras, acima de tudo tive quase a certeza de sentir o amor. Mas tudo não passou de um instante, em que a noite me deixou nua numa cama de motel, nua em pêlo e nua de sentimentos, mais sozinha que nunca e perdida num caminho cujo rumo nunca tracei. Por momentos penso que saboreei o seu sabor, toquei te perto o seu corpo e proclamei o seu nome, mas depressa tudo se esvaneceu como que de ar se tratasse e senti-me ignorante novamente. O amor, o tão falado Amor, não era mais que a sensação de trepar, alcançar um cume, vislumbrar uma luz, e de seguida cair do alto, estatelar-me no chão e mergulhar na escuridão outra vez.
Porquê?... Porquê… Já não sei o porquê da minha busca incessante, já não sei até se procuro uma coisa que não existe para confirmar a sua inexistência. Contudo, quanto mais procuro, mais vontade sinto de procurar."
Não tendo encontrado aquilo que queria, entreguei-me ao primeiro estranho que me deu a mão. Não passava de um estranho, talvez em busca do mesmo que eu, mas foi uma pessoa ao acaso e não alguém escolhido a dedo, alguém como outro alguém qualquer, tão qualquer quanto eu mesma. Em troca de nada e em troca do amor, despi-me de preconceitos, de medos e de anseios, e deitei-me na cama do prazer e da loucura, abracei a paz e deixei-me levar pelo desconhecido, envolvi-me num transe frenético de suor, calor e odores exóticos não identificáveis. Eu senti uma força, e depois outra e outra que me fez ver luzes de todas as cores, senti o mais humano dos sentimentos e o mais difícil de expressar por palavras, acima de tudo tive quase a certeza de sentir o amor. Mas tudo não passou de um instante, em que a noite me deixou nua numa cama de motel, nua em pêlo e nua de sentimentos, mais sozinha que nunca e perdida num caminho cujo rumo nunca tracei. Por momentos penso que saboreei o seu sabor, toquei te perto o seu corpo e proclamei o seu nome, mas depressa tudo se esvaneceu como que de ar se tratasse e senti-me ignorante novamente. O amor, o tão falado Amor, não era mais que a sensação de trepar, alcançar um cume, vislumbrar uma luz, e de seguida cair do alto, estatelar-me no chão e mergulhar na escuridão outra vez.
Porquê?... Porquê… Já não sei o porquê da minha busca incessante, já não sei até se procuro uma coisa que não existe para confirmar a sua inexistência. Contudo, quanto mais procuro, mais vontade sinto de procurar."
Texto solto um bocado antigo e de data incerta.