quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Feliz Ano Novo

Quando se acaba o ano 2008 e se entra no 2009 em casa de pessoal bebado e ganzado, como me aconteceu, pensa-se que o resto do ano vai ser uma loucura. Finalmente tenho abertura de espírito para fazer coisas novas, este ano vai ser cheio de aventuras e novas experiências... Fumarei umas ganzas, não vai fazer mal nenhum é só erva! E depois não quero morrer estúpida. Vou conhecer pessoal meio marado, boa gente mas com as ideias um bocado atrofiadas... a abertura de espírito permite-me por os preconceitos de lado e aceitar que uma imagem não faz das pessoas piores, só porque têm rastas, ou o cabelo rapado não as torna delinquentes, algumas podem até ser bastante cultas, mesmo que não saibam nada de física, política ou economia, mas são-no, cada uma na sua especialidade.

Vou fazer muitas amizades, vou cultivar os amigos, reanimar amizades adormecidas, organizar eventos sociais, arranjar um namorado a sério que será para toda a vida, um potencial pai dos meus filhos e companheiro de vários passatempos.

Vou reunir membros da família que não se vêm há algum tempo, os meus tios, irmãos da minha mãe, os meus primos e os recém nascidos netos e netas.

Vou fazer aquilo tudo que tenho deixado para fazer ao longo dos meus quase vinte e oito anos de existência, vou redefinir a minha personalidade, vou reviver antigas vocações, como a música...ou a igreja...

Vou comprar casa finalmente porque vou ficar efectiva na minha santa terrinha...Caldas da Rainha... e vou ter um cão, um beagle! Ou um basset, um que tenha orelhas compridas e seja pachorrento.

Vou...vou...não fui nem vou.

Ora... este ano não fumei nenhuma ganza (o meu único amigo curioso por ganzas teve o privilégio de experimentar antes de mim, num evento social de verão e deixou-me pendurada), nem experimentei os famosos cachimbos de água (passei, foi coisa que não me fascinou o suficiente para experimentar).

Não travei amizades com nenhuma pessoa dita menos normal (o pessoal da passagem de ano ficou nesse universo e o meu está a milhas de distância).

Não consegui reunir com nenhuma amiga perdida, mas consegui contactar com pelo menos duas, sendo que numa delas ainda reside esperança de um café ou chá um dia destes e a outra desculpou-se que andava muito atarefada e não viu a minha mensagem...Pois, acho que sabem tão bem quanto eu o que uma desculpa dessas quer dizer... Ainda organizei um evento social e consegui arranjar um namorado...bem um só não, na verdade, dois. Mas pelo menos cultivei uma amizade com o primeiro, não gosto de namoros-ódio, prefiro os que não dão certo mas que acabam em amizade. Se vai dar em casamento e filhos...o tempo o dirá! Para o ano conversamos.

Não reuní com nenhum familiar distante geográficamente, este ano inclusivamente não enviei postais de natal saudosos e cheios de amor fraternal a ninguém. Quanto muito, levei a minha avó de noventa e dois anos a beber um chá e comer uma torrada num bar na Foz do Arelho...

Consegui reviver um pouco aquilo que era em adolescente, um bocado rebelde e despreocupada (por vezes ) com a imagem e com aquilo que os outros pensam, até cortei o meu cabelo a mim própria e ficou aceitável...voltei a reviver o gosto pela música...peguei na flauta de bisel, aquela de plástico amarelo com que comecei a tocar na escola e comecei a praticar, experimentar umas coisas diferentes, tal como uma musiquinha do filme Piratas das Caraíbas...passei os dedos pelas cordas da viola mas ainda não aprendi a tocar nada, só uns acordes..dei uns toques na bateria do meu actual namorado e comprei uma flauta irlandesa, que devia ser a coisinha mais ranhosa que havia na loja, por isso ainda estava à venda...

Igreja...bem... digamos que ainda enviei umas quantas sms ao pessoal para arranjar companhia para ir à missa do Galo, na noite de natal, mas o ppl é mais evoluído que eu e já passou essa fase...fiquei em casa...Igreja e ganzas não combinam lá muito bem pois não?

Quanto a comprar casa...encontrei uma potencial casa, tratei da reserva, contrato promessa compra e venda, sinal, bla bla e ficou-se pelo bla bla, porque a coisa não correu lá muito bem e como tal, continuo à espera... a compra urgente de casa passou a ser uma coisa na qual não quero pensar para não me aborrecer...pois não comprei cão mas arranjei cadela...a minha mãe arranjou trabalho fora de Caldas, eu fiquei efectiva numa escola em Odivelas e agora a cadela fica sozinha em casa todo o santo dia, a ladrar para os estranhos que passam no prédio...é por isso que ter casa perto do emprego é urgente.

A Floppy! Uma bela cadela amarela amarrada à árvore num dia de chuva de Maio, situação à qual não consegui fechar os olhos e seguir em frente de consciencia tranquila...dei meia volta com o carro e tirei a desgraçada da corda. Agora dorme na cadeira de executivo, revestida a pele falsa, no quentinho do escritório, enquanto eu estou sentada num escadote de dois degraus a escrever este balanço. Giro não é?! Pois... Não é de raça, é uma rafeira com umas orelhas enormes a apontar para o céu, que adora correr e salta-me em cima sempre que me vê vestir um casaco, pois pensa que vai à R.U.A. (palavra proibida que dá direito a muitos pulos e lambidelas de excitação).

Chega de NÃOS.

Agora o que realmente se passou este ano de positivo e que vale a pena recordar.

Conheci pessoas espectaculares que considero amigas e com as quais quero manter sempre contacto, pois deram-me a conhecer coisas novas, uma delas foi a dança tradicional outra foram as feiras medievais do lado de dentro com trage a rigor.
Fiquei efectiva finalmente, ao fim de poucos anos de serviço, quando há muita gente na minha profissão que anda décadas para efectivar e posso finalmente estabilizar, comprar casa, ganhar raizes nalgum lado.
Salvei uma cadela da morte e hoje tenho uma amiga para a vida (dela enquanto for viva) que adora ir comigo a todo o lado, assim como andar de carro.
Tive um acidente de carro, o meu primeiro acidente, no qual não tive qualquer culpa, e ainda ganhei dois parachoques novos e pintura parcial das zonas afectadas.
Conheci o meu actual namorado assim por acaso...e temos várias coisas em comum, o que motiva bastante.
Finalmente gosto do meu emprego.
Finalmente não tenho que fingir ser aquilo que não sou, sou eu e sou aceite como tal..quem não me aceita não é meu amigo.
A amizade tem um valor mais profundo e por vezes sobrepõe-se a alguns laços de sangue, sim porque esses também têm que ser alimentados.

Este ano foi positivo graças à minha vontade de fazer novos amigos, graças também às pessoas com quem me cruzei por me permitirem ser sua amiga. Este ano ajudou-me a valorizar umas coisas e a descartar outras, por vezes impostas pela sociedade. Este ano ajudou-me a reencontrar-me comigo mesma, a definir o que quero para mim, a aceitar-me como sou (só não aceito os quilos a mais que engordei mas sei que os vou perder). Tenho pena que uma pessoa ou outra que passaram pela minha vida tenham tomado a decisão de desaparecer, deixar de dar notícias, deixaram de ser amigas. Mas é tempo de seguir em frente, cada um com a sua vida. Quanto às pequenas coisas que não correram tão bem, é preciso dar tempo ao tempo para que tudo se endireite e até lá não vale a pena mexer, pois nada se vai resolver dessa forma, refiro-me à casa. A casa está no mesmo sítio, não desabou e se tiver que ser minha, será.

O que espero para 2010, como um amigo meu me disse outro dia: "que o melhor de 2009 seja o pior de 2010", por outras palavras, que tudo aquilo que foi bom em 2009 seja muitas vezes melhor em 2010!

Deixo aqui um muito obrigado a todos aqueles que me acompanharam ao longo deste ano, assim como votos para que 2010 seja um novo ano em cheio!

1 comentário:

  1. Como copiei para este blogge novo os textos, vou copiar também os comentários.


    Querida amiga,

    Li a tua reflecção sobre o ano que passou e acabei a chorar de emoção. Como não tenho muito jeito para a escrita faço a mesma reflecção, mas mentalmente.
    Realmente um ano passa depressa, mas ao analisarmos bem vimos que passamos muitas coisas umas piores outras melhores. No entanto, todas elas são uma lição para a vida.

    Beijinhos com saudades desta amiga que te trás no coração.

    Nídia Marteleira

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